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Gene de traça

Livros e etc.

Há sempre um livro desconhecido à espera de nós #3

por Ana CB, em 14.12.15

 

Este livro é o que de mais parecido tenho com um “livro de cabeceira”. Volto a ele regularmente para ler algumas partes, e por vezes acabo mesmo por o reler de uma ponta à outra. É perfeito para esta altura do ano: para ler no quentinho do sofá numa manhã de preguiça, e para esquecer o chamamento comercial da época natalícia e perceber que o mais importante é (sermos e) fazermos os outros felizes.

 

 

“O TAO DO POOH” de Benjamin Hoff

 

O Tao do Pooh capa.jpg

 

 

Título: O Tao do Pooh

Título original: The Tao of Pooh

Autor: Benjamin Hoff

Ano de lançamento: 1982

 

Editora: Sinais de Fogo

Publicação: Novembro 2000

Número de páginas: 180

Tradução: Rita Quintela

 

 

Sinopse

 

Afinal, nem todos os grandes mestres da sabedoria usam veneráveis barbas brancas. Benjamin Hoff descobriu um no Ocidente, cujo prato favorito é o mel. Através de um diálogo divertido e brilhante com o ursinho Winnie-the-Pooh e os seus amigos, o autor demonstra com simplicidade e mestria que, longe de ser um conceito distante e misterioso, o Taoísmo é afinal bem corriqueiro.

(sinopse retirada daqui)

 

A minha opinião 

 

Toda a gente conhece as deliciosas histórias do ursinho Pooh e dos seus amigos criadas pelo escritor inglês A.A.Milne. Pooh tem um carisma especial, uma forma simples e ingénua de olhar para o seu pequeno mundo, uma maneira de agir que parece preguiça mas é no fundo apenas de não-interferência. E neste livro Benjamin Hoff consegue – magnificamente – usar o Pooh e as outras personagens de Milne para ilustrar alguns dos princípios do Taoísmo e dar pistas para a sua aplicação no nosso dia-a-dia.

As filosofias orientais são aquelas com as quais mais me identifico desde sempre e o Taoísmo é provavelmente a mais desconhecida de todas, apesar de as suas origens remontarem ao séc. VII a.C. Embora também seja reconhecida como uma religião, a sua prática institucionalizada é reduzida, e permanece sobretudo como uma corrente filosófica que assenta na primazia da ordem natural das coisas e da serenidade, e nos exorta à moderação, à compaixão e à humildade. O que, convenhamos, não abunda nos dias de hoje nas sociedades ocidentais e ocidentalizadas.

No entanto, a base do Taoísmo é simplesmente uma forma particular de apreciar tudo o que nos sucede no dia-a-dia, de aprender e trabalhar com as nossas experiências; um caminho para harmonizar a nossa vida, que resultará em maior felicidade.

Desde que “descobri” o Taoísmo há alguns (já bastantes) anos, tenho procurado absorver e adaptar à minha vida diária alguns destes princípios, e este livro foi e é sempre uma ajuda preciosa. Fácil de ler e no entanto brilhantemente estruturado, divertido e ao mesmo tempo profundo, “O Tao do Pooh” instala-se rapidamente no nosso coração, tal como o ursinho que é o seu protagonista.

Só para aguçar o apetite, deixo-vos aqui com dois excertos de que gosto particularmente:

 

Um estilo de vida que repete constantemente ‘Depois da próxima esquina, acima do próximo degrau,’ vai contra a ordem natural das coisas e torna tão difícil ser-se bom e feliz que apenas uns poucos chegam a ser aquilo que seriam naturalmente à partida – Bons e Felizes -, e a maior parte desiste e cai pelas valetas, amaldiçoando o mundo, situação esta que não devemos julgar mas sim encarar como algo que está lá para indicar o caminho.

Aqueles que acham que as recompensas da vida estão algures por trás do arco-íris…

- Deixam queimar demasiado as suas torradas – disse o Pooh.

 

O principal problema desta grande obsessão por Poupar Tempo é muito simples: não podemos poupar tempo. Só podemos gastá-lo. Mas podemos gastá-lo sabiamente ou tolamente. O Voltuxa Oquepado não tem praticamente tempo nenhum, porque está demasiado ocupado a desperdiçá-lo ao tentar poupá-lo. E ao tentar poupar cada bocado de tempo, acaba por desperdiçá-lo todo.

 

 

(Podem encontrar aqui um artigo interessante sobre este livro. E se quiserem conhecer alguns factos curiosos da vida de A.A.Milne, o criador do Pooh, espreitem aqui)