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Gene de traça

Livros e etc.

O Sapo, o Natal, os livros, os destaques e os bloggers

por Ana CB, em 24.12.16

 

O Sapo gosta de livros e do Natal. O Sapo Blogs gosta de posts sobre livros e sobre o Natal e sobre livros no Natal. Eu gosto de livros. Do Natal também, mas só daquele bom, o genuíno, aquele em que pensamos nos outros mais com o coração do que com a carteira, em que oferecemos “aquela” prenda para “aquela” pessoa, escolhida ou feita com cuidado, embrulhada com imaginação; aquele em que cozinhamos com carinho e pomos a mesa com satisfação porque sabemos que vamos estar junto dos que amamos (pelo menos de alguns, quando não é possível estar com todos os que nos estão no coração); aquele em que fazemos alguma coisa mais por alguém, mesmo que isso seja apenas uma infinitésima parte daquilo que o mundo precisa. Gosto de dar: prendas, abraços, sorrisos, uma palavra amável, o que me vier à cabeça. E embora goste mais de dar, também gosto de receber, claro. Sou uma sortuda, recebo sempre muita coisa (e livros!), mas sobretudo recebo carinho, de muitas formas, de muitas pessoas. Do Sapo blogs também, que gosta de livros e gosta que se ofereçam livros e gostou do meu post sobre livros para os amigos e voltou a destacá-lo hoje, véspera de Natal, e em grande. De toda a comunidade de bloggers do Sapo, que é generosa e tira um bocadinho do seu tempo para partilhar com todos nós o seu Natal, as suas opiniões, os seus gostos, as suas peripécias, bocadinhos da vida de cada um, que troca prendas e conselhos e desejos de Boas Festas. Gosto de estar aqui.

 

A todos os que por aqui andam e aos que trabalham para que nós possamos andar por aqui, desejo que tenham um Natal muito, muito feliz.

 

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Obrigada, SAPO! #8

por Ana CB, em 19.12.16

 

E aqui está a minha primeira prenda de Natal: um destaque em grande na página do SAPO Blogs. Não podia começar melhor a semana :-)

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Obrigada à incansável e simpática equipa do SAPO Blogs. E Feliz Natal!

 

*Actualização: E se uma prenda é bom, duas ainda é melhor. Também tenho direito a destaque na homepage do SAPO. Tãããão bom!!!

 

Destaque SAPO homepage livros amigos 19-12-16 marc

 

 

O livro certo para oferecer a cada amigo

por Ana CB, em 15.12.16

 

Todos os anos, pelo Natal, repete-se a angústia das prendas. O que dar a A, B ou C? Não queremos estar sempre a oferecer as mesmas coisas, mas às tantas a imaginação começa a falhar. Pois meus amigos, a solução não é nova mas é simples, e tem uma palavra: livros. Sim, livros. Há milhares, milhões de títulos disponíveis, por isso a fonte de inspiração é inesgotável. A pessoa em questão não gosta de ler? Não há problema, oferece-se um livro com fotos, ou que ensine a cozinhar, a cuidar do cão, ou a fazer qualquer outra coisa. Ainda por cima os livros têm a vantagem de ocupar pouco espaço, podem passar de pais para filhos (e os livros antigos têm sempre algum valor) e são facilmente armazenados ou vendidos se necessário. Tudo coisas boas. Ah, não sabem que livro hão-de oferecer? Não paniquem, este post é precisamente para vos sugerir algumas opções para aqueles amigos/amigas mais difíceis. Com a garantia de que já foram lidos por mim (com uma única excepção) e portanto têm “selo de qualidade” (cof! cof!). Serviço público, pois claro. E não precisam de agradecer.

 

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Para o amigo que se recusa a tirar a carta de condução

 

O Diário da Bicicleta, de David Byrne

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Talking Heads diz-vos alguma coisa? Exactamente: o autor deste livro é nada mais, nada menos do que o vocalista desta famosa banda, que nos conta em jeito de crónica os seus passeios de bicicleta em vários locais do mundo, o que observa durante esses passeios e as divagações que lhe ocorrem. Acutilante e elucidativo.

 

 

Para a amiga que adora vintage

 

O Tempo entre Costuras, de Maria Dueñas

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Ela vai adorar este movimentado romance histórico que conta as peripécias da vida de uma bem-sucedida modista que se envolve numa rede de espionagem durante a Segunda Guerra Mundial, tendo como pano de fundo Madrid, Lisboa e os enclaves espanhóis no norte de África.

 

 

Para o amigo que é fã do Japão

 

Mil Grous, de Yasunari Kawabata

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A ritual cerimónia do chá, a delicadeza, a serenidade que esconde um turbilhão de emoções, a rigidez social, aquilo que é perceptível mas nunca é dito – o espírito japonês presente em cada linha desta história de desejo e sofrimento que envolve um homem e várias mulheres.

 

 

Para a amiga que é muito zen

 

O Tao do Pooh, de Benjamin Hoff

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Conhecer os princípios do taoísmo pela mão do ursinho mais mediático e fofo da literatura? O resultado só poderia ser um livro diferente e muito divertido. (A minha opinião sobre este livro está aqui.)

 

 

Para o amigo super ansioso

 

A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, de Joël Dicker

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Quando ele ler este livro, das duas uma: ou tem as unhas todas roídas ao chegar ao fim, ou fica para sempre curado da ansiedade. Surpresas atrás de surpresas, é o que este livro nos traz. A minha opinião completa está aqui .

 

 

Para o amigo que quer fazer carreira na política

 

Wolf Hall, de Hilary Mantel

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Wolf Hall conta parte da história de Thomas Cromwell, que ascendeu de homem comum a secretário do Cardeal Wolsey, depois a membro do Parlamento inglês e mais tarde a primeiro-ministro do rei Henrique VIII. Foi o grande impulsionador da Reforma inglesa, e o rei concedeu-lhe os títulos de barão e depois de duque, além de o nomear Vigário-Geral. Haverá melhor exemplo de carreira política? No final o feitiço virou-se contra o feiticeiro, e Cromwell acabou vítima do seu próprio sistema, como se sabe – e deste facto também haverá ensinamentos a tirar para quem quer dedicar-se à política…

 

 

Para a amiga que é (ou quer ser) arquitecta

 

Gaudí – Um Romance, de Mario Lacruz

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Um manuscrito inacabado sobre um grandioso arquitecto cuja morte comezinha deixou inacabada uma obra magnificente. Prova de que os homens morrem mas as obras dos que são grandes permanecem.

 

 

Para o amigo que está sempre em viagem

 

As Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino 

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Ele já conhece o mundo inteiro, mas estas cidades não conhece certamente – nem nunca vai ter hipótese de conhecer…

 

 

Para a amiga que gosta de viajar e escrever

 

1000 Places to See Before You Die, de Patricia Schultz

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Mas só mesmo se ela é daquelas que toma notas de tudo e mais alguma coisa quando vai de viagem, ou que escreve efectivamente sobre o que viu. Caso contrário, vai ficar desapontada quando abrir o livro…

 

 

Para o amigo que sonha ser comediante

 

A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar, de Ricardo Araújo Pereira

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O resto do título – “uma espécie de manual de escrita humorística” – já lança o mote. E com ou sem humor, o RAP é sempre inspirador e bom de ler.

 

 

Para a amiga que adora dançar

 

Tango, de Elsa Osorio 

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O tango é uma dança, mas também uma forma de sentir, de ouvir, de respirar, de amar, de viver. Tal como o tango, este livro tem vários ritmos, e lê-se como quem dança.

 

 

Para o amigo que gosta de jazz

 

Mas é Bonito, de Geoff Dyer

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O espírito do jazz transformado em livro, crónicas brilhantes – meio verdadeiras, meio ficcionadas – sobre o mundo e algumas personagens do jazz. Quase que um improviso (muito bem executado) em forma de leitura. Tema do meu segundo post neste blogue.

 

 

Para a amiga que gosta de cozinhar

 

A Congregação da Cozinha, de Nora Seton

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Este livro não é mastigável mas tem os cheiros e sabores e o calor de uma cozinha onde se vive, e onde a comida é preparada também com o coração. E como bónus ainda tem receitas.

 

 

Para o amigo vegan

 

Vaca Sagrada, de David Duchovny

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As aventuras e desventuras de uma vaca que de repente descobre que afinal as vacas não vão para o céu. Uma fábula bem-humorada do conhecido actor de Ficheiros Secretos e Californication. E se até a Elsie perdoa aos humanos, porque não podemos nós perdoar as fraquezas dos outros? Também já escrevi um post inteirinho sobre este livro.

 

 

Para a amiga que não suporta crianças

 

A Bofetada, de Christos Tsiolkas

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Uma reacção emocional simples pode ter consequências verdadeiramente desastrosas? Ai pode, pode… A história deste livro é a prova. Depois de o ler, a vossa amiga vai parar para pensar (duas vezes, ou três, ou dez…) sempre que lhe apetecer dar um estalo numa criancinha.

 

 

Prendas boas #3

por Ana CB, em 04.01.15

Esta época de festas que está agora no fim é para mim sempre uma época de excepção – não especificamente pelo Natal ou pelo fim de ano, mas porque é uma daquelas alturas em que se sai nitidamente da rotina, a bem ou a mal.

Olhando para os meus já muitos Natais passados, existe um óbvio denominador comum a todos: é sempre vivido em família. Fora isso, e por muitas e variadas razões, é sempre diferente. O local vai variando, as pessoas presentes e ausentes também (a família ora encolhe, ora estica), e até o que comemos raramente se repete: há bacalhau, mas nunca o simples cozido com batatas e couves, e todos os anos se experimenta uma receita diferente; e de há muitos anos para cá também há peru, que mesmo assim nunca é feito exactamente da mesma maneira. Para além disso, é a eterna parafernália das fatias douradas, e azevias, e bolo-rei, entre muitas outras sobremesas igualmente calóricas (incluindo uma aletria doce que alguém faz divinalmente, e que eu adoro).

Quando havia uma criança pequena em casa, o Pai Natal chegava à meia-noite, no meio de grande barulheira, e largava uma montanha de presentes por baixo da chaminé (ou à porta de casa, quando a prenda era demasiado grande), mas nunca se mostrava realmente – as crianças são demasiado espertas para não reconhecerem rostos, vozes e corpos que lhes são familiares. Hoje em dia somos mais prosaicos, abrimos os presentes familiares por volta da meia-noite, depois do jantar. Os outros, os que recebo dos não-familiares, abro-os habitualmente no dia de Natal: é uma forma de duplicar os momentos bons.

Sou sempre uma sortuda com as prendas que me oferecem, e este ano não foi excepção. Claro que os livros não podiam faltar, até porque toda a gente conhece esta minha paixão, e por isso a minha prateleira de leituras para o futuro conta com mais dois exemplares, mais propriamente estes:

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O livro do Philipp Meyer vai ser uma estreia, nunca li nada dele, mas as críticas são excelentes. Já Paul Theroux é um “velho amigo” de quem li há algum tempo o “Viagem por África” (gostei imenso) e estou presentemente a ler “Comboio-fantasma para o Oriente”. Literatura de viagens do melhor que existe.

Recebi ainda o “Wreck this Journal”, um livro-caderno da artista conceptual Keri Smith, cuja finalidade é ser preenchido/destruído de diversas maneiras sugeridas, como forma de estimular a criatividade. Divertido e original.

Mas ainda melhor do que receber prendas é para mim oferecê-las, e as que ofereço são geralmente compradas ou preparadas com alguma antecedência. Não muita, que procurar a prenda certa para cada pessoa leva o seu tempo, são horas a pesquisar e ver lojas, para depois me decidir às vezes por mais do que uma coisa. E algumas acabam por ser total ou parcialmente feitas por mim.

Como nesta altura há sempre algum almoço, jantar ou festa que tem lugar aqui em casa, divirto-me a criar decorações a condizer com a época, entre as quais é obrigatória a árvore de Natal. Há anos atrás era sempre uma árvore natural, depois passou a ser artificial, e mais recentemente decidi inventar as minhas próprias árvores, e são sempre diferentes. Este ano foi numa parede, como podem ver aqui.

O dia de Natal também nunca se repete, por vezes fico em casa todo o dia, outras vezes há um almoço, ou um jantar, outras vezes ainda saio para passear, ou à noite para dançar. Não sou particularmente apreciadora de canções de Natal, nem dos habituais filmes que passam recorrentemente na televisão, mas gosto do “Love actually” (“O amor acontece”, em português) e da versão do “All I want for Christmas is you” que uma miúda talentosa canta no filme.

E por força das circunstâncias, porque sempre vivi no nosso país, para mim o Natal está associado ao frio; muita pena tenho eu de não nevar aqui na zona de Lisboa, o que seria visualmente muito mais bonito. Mas como na realidade não sou grande apreciadora de temperaturas baixas, hei-de um dia experimentar passar o Natal num país quente. Afinal, o mais importante nesta quadra é mesmo estar com aqueles de quem gostamos, e partilhar a alegria que isso nos traz, seja onde for.

 

(Este post é assim como que uma espécie de resposta à Inês, à Magda e à M*, que me desafiaram aqui, aqui e aqui  a responder a algumas perguntas. Obrigada às três, e desculpem o atraso e a minha rebeldia em relação ao formato pergunta-resposta).

Prendas boas #1

por Ana CB, em 13.12.14

Há por aí muita gente que se insurge encarniçadamente contra as redes sociais, a blogosfera, o email e de uma maneira geral tudo o que tenha a ver com comunicação usando a internet. Que afasta as pessoas, que o contacto pessoal é preterido em favor do virtual, que nos desumaniza, que passamos a ter uma vida faz-de-conta em detrimento de uma vida real, e por aí adiante.

Pois concordo que isso poderá ser verdade nalguns casos, mas não na generalidade. Mais ainda, em muitos casos passa-se precisamente o contrário: em vez de afastar, a comunicação electrónica aproxima as pessoas – as que conhecemos mas estão longe por força das circunstâncias, e aquelas que desconhecemos e de quem de outro modo ignoraríamos completamente a existência.

Aqui na casa dos blogues do Sapo têm-se estabelecido ligações, formado pequenos círculos de contactos, e até mesmo forjado amizades, e tudo isto é imensamente positivo e não seria possível nem viável se não tivéssemos este tipo de tecnologia ao nosso dispor. Por isso, quando alguém ao pé de mim começa a arengar sobre os malefícios da internet como meio de comunicação e etc., a única coisa que eu digo a essa pessoa é que ela com toda a certeza não sabe do que fala.

Vem isto a propósito da iniciativa da Cindy, do blog Life Inc, a que ela deu o nome de Pai Natal Secreto II (já é a 2ª edição) e que pôs várias habitantes aqui da blogosfera a trocar prendas entre si. Ao todo, quase duas dúzias de pessoas que não se conhecem pessoalmente (pelo menos na sua maioria) e nunca teriam contactado umas com as outras se não tivessem criado os seus próprios blogs nem lessem e comentassem os blogs escritos pelas outras. Cada uma com a sua vida, os seus gostos e a sua personalidade, mas todas unidas por um mesmo desejo: o de comunicar com os outros através da escrita (e da leitura), sem discriminação de idade, sexo, estado civil, credo religioso ou político, condição física ou o que quer que seja. Poderá alguém no seu perfeito juízo dizer que isto não é bom?

E cada uma destas pessoas “deu-se ao trabalho” de procurar/comprar/fazer alguma coisa de propósito para alguém que não conhece, e escrever palavras carinhosas e simpáticas num postal, e fazer figas para que a destinatária gostasse realmente do presente. Se isto não é criar laços, não sei o que será.

Tudo isto para dizer que eu sou uma das felizardas que já recebeu a prenda do seu Pai Natal secreto, que neste caso foi a Daniela (do blog Violet Clouds), e além dos bombons e do postal (com as palavras mais simpáticas que poderiam ter-me escrito), tive direito a duas prendas giríssimas e que foram escolhidas com muito cuidado e bom gosto.

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A pulseira vai ficar lindamente no meu braço, e o caça-sonhos vai fazer um vistão num dos puxadores do armário da minha sala. Os bombons já estão prestes a desaparecer, e o postal vou guardá-lo com muito carinho. Obrigada, Daniela!

A M. tem toda a razão quando diz que “a blogosfera está carregada de pessoas especiais”. E melhor do que receber, só mesmo dar.