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Gene de traça

Livros e etc.

O livro certo para oferecer a cada amigo

por Ana CB, em 15.12.16

 

Todos os anos, pelo Natal, repete-se a angústia das prendas. O que dar a A, B ou C? Não queremos estar sempre a oferecer as mesmas coisas, mas às tantas a imaginação começa a falhar. Pois meus amigos, a solução não é nova mas é simples, e tem uma palavra: livros. Sim, livros. Há milhares, milhões de títulos disponíveis, por isso a fonte de inspiração é inesgotável. A pessoa em questão não gosta de ler? Não há problema, oferece-se um livro com fotos, ou que ensine a cozinhar, a cuidar do cão, ou a fazer qualquer outra coisa. Ainda por cima os livros têm a vantagem de ocupar pouco espaço, podem passar de pais para filhos (e os livros antigos têm sempre algum valor) e são facilmente armazenados ou vendidos se necessário. Tudo coisas boas. Ah, não sabem que livro hão-de oferecer? Não paniquem, este post é precisamente para vos sugerir algumas opções para aqueles amigos/amigas mais difíceis. Com a garantia de que já foram lidos por mim (com uma única excepção) e portanto têm “selo de qualidade” (cof! cof!). Serviço público, pois claro. E não precisam de agradecer.

 

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Para o amigo que se recusa a tirar a carta de condução

 

O Diário da Bicicleta, de David Byrne

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Talking Heads diz-vos alguma coisa? Exactamente: o autor deste livro é nada mais, nada menos do que o vocalista desta famosa banda, que nos conta em jeito de crónica os seus passeios de bicicleta em vários locais do mundo, o que observa durante esses passeios e as divagações que lhe ocorrem. Acutilante e elucidativo.

 

 

Para a amiga que adora vintage

 

O Tempo entre Costuras, de Maria Dueñas

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Ela vai adorar este movimentado romance histórico que conta as peripécias da vida de uma bem-sucedida modista que se envolve numa rede de espionagem durante a Segunda Guerra Mundial, tendo como pano de fundo Madrid, Lisboa e os enclaves espanhóis no norte de África.

 

 

Para o amigo que é fã do Japão

 

Mil Grous, de Yasunari Kawabata

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A ritual cerimónia do chá, a delicadeza, a serenidade que esconde um turbilhão de emoções, a rigidez social, aquilo que é perceptível mas nunca é dito – o espírito japonês presente em cada linha desta história de desejo e sofrimento que envolve um homem e várias mulheres.

 

 

Para a amiga que é muito zen

 

O Tao do Pooh, de Benjamin Hoff

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Conhecer os princípios do taoísmo pela mão do ursinho mais mediático e fofo da literatura? O resultado só poderia ser um livro diferente e muito divertido. (A minha opinião sobre este livro está aqui.)

 

 

Para o amigo super ansioso

 

A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, de Joël Dicker

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Quando ele ler este livro, das duas uma: ou tem as unhas todas roídas ao chegar ao fim, ou fica para sempre curado da ansiedade. Surpresas atrás de surpresas, é o que este livro nos traz. A minha opinião completa está aqui .

 

 

Para o amigo que quer fazer carreira na política

 

Wolf Hall, de Hilary Mantel

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Wolf Hall conta parte da história de Thomas Cromwell, que ascendeu de homem comum a secretário do Cardeal Wolsey, depois a membro do Parlamento inglês e mais tarde a primeiro-ministro do rei Henrique VIII. Foi o grande impulsionador da Reforma inglesa, e o rei concedeu-lhe os títulos de barão e depois de duque, além de o nomear Vigário-Geral. Haverá melhor exemplo de carreira política? No final o feitiço virou-se contra o feiticeiro, e Cromwell acabou vítima do seu próprio sistema, como se sabe – e deste facto também haverá ensinamentos a tirar para quem quer dedicar-se à política…

 

 

Para a amiga que é (ou quer ser) arquitecta

 

Gaudí – Um Romance, de Mario Lacruz

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Um manuscrito inacabado sobre um grandioso arquitecto cuja morte comezinha deixou inacabada uma obra magnificente. Prova de que os homens morrem mas as obras dos que são grandes permanecem.

 

 

Para o amigo que está sempre em viagem

 

As Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino 

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Ele já conhece o mundo inteiro, mas estas cidades não conhece certamente – nem nunca vai ter hipótese de conhecer…

 

 

Para a amiga que gosta de viajar e escrever

 

1000 Places to See Before You Die, de Patricia Schultz

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Mas só mesmo se ela é daquelas que toma notas de tudo e mais alguma coisa quando vai de viagem, ou que escreve efectivamente sobre o que viu. Caso contrário, vai ficar desapontada quando abrir o livro…

 

 

Para o amigo que sonha ser comediante

 

A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar, de Ricardo Araújo Pereira

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O resto do título – “uma espécie de manual de escrita humorística” – já lança o mote. E com ou sem humor, o RAP é sempre inspirador e bom de ler.

 

 

Para a amiga que adora dançar

 

Tango, de Elsa Osorio 

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O tango é uma dança, mas também uma forma de sentir, de ouvir, de respirar, de amar, de viver. Tal como o tango, este livro tem vários ritmos, e lê-se como quem dança.

 

 

Para o amigo que gosta de jazz

 

Mas é Bonito, de Geoff Dyer

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O espírito do jazz transformado em livro, crónicas brilhantes – meio verdadeiras, meio ficcionadas – sobre o mundo e algumas personagens do jazz. Quase que um improviso (muito bem executado) em forma de leitura. Tema do meu segundo post neste blogue.

 

 

Para a amiga que gosta de cozinhar

 

A Congregação da Cozinha, de Nora Seton

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Este livro não é mastigável mas tem os cheiros e sabores e o calor de uma cozinha onde se vive, e onde a comida é preparada também com o coração. E como bónus ainda tem receitas.

 

 

Para o amigo vegan

 

Vaca Sagrada, de David Duchovny

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As aventuras e desventuras de uma vaca que de repente descobre que afinal as vacas não vão para o céu. Uma fábula bem-humorada do conhecido actor de Ficheiros Secretos e Californication. E se até a Elsie perdoa aos humanos, porque não podemos nós perdoar as fraquezas dos outros? Também já escrevi um post inteirinho sobre este livro.

 

 

Para a amiga que não suporta crianças

 

A Bofetada, de Christos Tsiolkas

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Uma reacção emocional simples pode ter consequências verdadeiramente desastrosas? Ai pode, pode… A história deste livro é a prova. Depois de o ler, a vossa amiga vai parar para pensar (duas vezes, ou três, ou dez…) sempre que lhe apetecer dar um estalo numa criancinha.