O Sapo gosta de livros e do Natal. O Sapo Blogs gosta de posts sobre livros e sobre o Natal e sobre livros no Natal. Eu gosto de livros. Do Natal também, mas só daquele bom, o genuíno, aquele em que pensamos nos outros mais com o coração do que com a carteira, em que oferecemos “aquela” prenda para “aquela” pessoa, escolhida ou feita com cuidado, embrulhada com imaginação; aquele em que cozinhamos com carinho e pomos a mesa com satisfação porque sabemos que vamos estar junto dos que amamos (pelo menos de alguns, quando não é possível estar com todos os que nos estão no coração); aquele em que fazemos alguma coisa mais por alguém, mesmo que isso seja apenas uma infinitésima parte daquilo que o mundo precisa. Gosto de dar: prendas, abraços, sorrisos, uma palavra amável, o que me vier à cabeça. E embora goste mais de dar, também gosto de receber, claro. Sou uma sortuda, recebo sempre muita coisa (e livros!), mas sobretudo recebo carinho, de muitas formas, de muitas pessoas. Do Sapo blogs também, que gosta de livros e gosta que se ofereçam livros e gostou do meu post sobre livros para os amigos e voltou a destacá-lo hoje, véspera de Natal, e em grande. De toda a comunidade de bloggers do Sapo, que é generosa e tira um bocadinho do seu tempo para partilhar com todos nós o seu Natal, as suas opiniões, os seus gostos, as suas peripécias, bocadinhos da vida de cada um, que troca prendas e conselhos e desejos de Boas Festas. Gosto de estar aqui.
A todos os que por aqui andam e aos que trabalham para que nós possamos andar por aqui, desejo que tenham um Natal muito, muito feliz.
Todos os anos, pelo Natal, repete-se a angústia das prendas. O que dar a A, B ou C? Não queremos estar sempre a oferecer as mesmas coisas, mas às tantas a imaginação começa a falhar. Pois meus amigos, a solução não é nova mas é simples, e tem uma palavra: livros. Sim, livros. Há milhares, milhões de títulos disponíveis, por isso a fonte de inspiração é inesgotável. A pessoa em questão não gosta de ler? Não há problema, oferece-se um livro com fotos, ou que ensine a cozinhar, a cuidar do cão, ou a fazer qualquer outra coisa. Ainda por cima os livros têm a vantagem de ocupar pouco espaço, podem passar de pais para filhos (e os livros antigos têm sempre algum valor) e são facilmente armazenados ou vendidos se necessário. Tudo coisas boas. Ah, não sabem que livro hão-de oferecer? Não paniquem, este post é precisamente para vos sugerir algumas opções para aqueles amigos/amigas mais difíceis. Com a garantia de que já foram lidos por mim (com uma única excepção) e portanto têm “selo de qualidade” (cof! cof!). Serviço público, pois claro. E não precisam de agradecer.
Para o amigo que se recusa a tirar a carta de condução
O Diário da Bicicleta, de David Byrne
Talking Heads diz-vos alguma coisa? Exactamente: o autor deste livro é nada mais, nada menos do que o vocalista desta famosa banda, que nos conta em jeito de crónica os seus passeios de bicicleta em vários locais do mundo, o que observa durante esses passeios e as divagações que lhe ocorrem. Acutilante e elucidativo.
Para a amiga que adora vintage
O Tempo entre Costuras, de Maria Dueñas
Ela vai adorar este movimentado romance histórico que conta as peripécias da vida de uma bem-sucedida modista que se envolve numa rede de espionagem durante a Segunda Guerra Mundial, tendo como pano de fundo Madrid, Lisboa e os enclaves espanhóis no norte de África.
Para o amigo que é fã do Japão
Mil Grous, de Yasunari Kawabata
A ritual cerimónia do chá, a delicadeza, a serenidade que esconde um turbilhão de emoções, a rigidez social, aquilo que é perceptível mas nunca é dito – o espírito japonês presente em cada linha desta história de desejo e sofrimento que envolve um homem e várias mulheres.
Para a amiga que é muito zen
O Tao do Pooh, de Benjamin Hoff
Conhecer os princípios do taoísmo pela mão do ursinho mais mediático e fofo da literatura? O resultado só poderia ser um livro diferente e muito divertido. (A minha opinião sobre este livro está aqui.)
Para o amigo super ansioso
A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, de Joël Dicker
Quando ele ler este livro, das duas uma: ou tem as unhas todas roídas ao chegar ao fim, ou fica para sempre curado da ansiedade. Surpresas atrás de surpresas, é o que este livro nos traz. A minha opinião completa está aqui .
Para o amigo que quer fazer carreira na política
Wolf Hall, de Hilary Mantel
Wolf Hall conta parte da história de Thomas Cromwell, que ascendeu de homem comum a secretário do Cardeal Wolsey, depois a membro do Parlamento inglês e mais tarde a primeiro-ministro do rei Henrique VIII. Foi o grande impulsionador da Reforma inglesa, e o rei concedeu-lhe os títulos de barão e depois de duque, além de o nomear Vigário-Geral. Haverá melhor exemplo de carreira política? No final o feitiço virou-se contra o feiticeiro, e Cromwell acabou vítima do seu próprio sistema, como se sabe – e deste facto também haverá ensinamentos a tirar para quem quer dedicar-se à política…
Para a amiga que é (ou quer ser) arquitecta
Gaudí – Um Romance, de Mario Lacruz
Um manuscrito inacabado sobre um grandioso arquitecto cuja morte comezinha deixou inacabada uma obra magnificente. Prova de que os homens morrem mas as obras dos que são grandes permanecem.
Para o amigo que está sempre em viagem
As Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino
Ele já conhece o mundo inteiro, mas estas cidades não conhece certamente – nem nunca vai ter hipótese de conhecer…
Para a amiga que gosta de viajar e escrever
1000 Places to See Before You Die, de Patricia Schultz
Mas só mesmo se ela é daquelas que toma notas de tudo e mais alguma coisa quando vai de viagem, ou que escreve efectivamente sobre o que viu. Caso contrário, vai ficar desapontada quando abrir o livro…
Para o amigo que sonha ser comediante
A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar, de Ricardo Araújo Pereira
O resto do título – “uma espécie de manual de escrita humorística” – já lança o mote. E com ou sem humor, o RAP é sempre inspirador e bom de ler.
Para a amiga que adora dançar
Tango, de Elsa Osorio
O tango é uma dança, mas também uma forma de sentir, de ouvir, de respirar, de amar, de viver. Tal como o tango, este livro tem vários ritmos, e lê-se como quem dança.
Para o amigo que gosta de jazz
Mas é Bonito, de Geoff Dyer
O espírito do jazz transformado em livro, crónicas brilhantes – meio verdadeiras, meio ficcionadas – sobre o mundo e algumas personagens do jazz. Quase que um improviso (muito bem executado) em forma de leitura. Tema do meu segundo post neste blogue.
Para a amiga que gosta de cozinhar
A Congregação da Cozinha, de Nora Seton
Este livro não é mastigável mas tem os cheiros e sabores e o calor de uma cozinha onde se vive, e onde a comida é preparada também com o coração. E como bónus ainda tem receitas.
Para o amigo vegan
Vaca Sagrada, de David Duchovny
As aventuras e desventuras de uma vaca que de repente descobre que afinal as vacas não vão para o céu. Uma fábula bem-humorada do conhecido actor de Ficheiros Secretos e Californication. E se até a Elsie perdoa aos humanos, porque não podemos nós perdoar as fraquezas dos outros? Também já escrevi um post inteirinho sobre este livro.
Para a amiga que não suporta crianças
A Bofetada, de Christos Tsiolkas
Uma reacção emocional simples pode ter consequências verdadeiramente desastrosas? Ai pode, pode… A história deste livro é a prova. Depois de o ler, a vossa amiga vai parar para pensar (duas vezes, ou três, ou dez…) sempre que lhe apetecer dar um estalo numa criancinha.
Embora consiga ler com qualquer ruído de fundo (e se o livro for daqueles mesmo bons, até me esqueço de que o mundo existe), por norma não sou grande apreciadora de estar a ler e ao mesmo tempo a ouvir música ou barulhos de televisão, por exemplo.
E se estiver a trabalhar em qualquer coisa que necessite de grande concentração, ou a escrever, então ainda é pior. Consigo e gosto de trabalhar a ouvir música, mas o som tem de estar baixinho, e só quando estou com trabalhos que faço em “piloto automático”. Estar a fazer uma tradução complicada, por exemplo, e ao mesmo tempo a ouvir alguém cantar ou falar, mesmo que seja numa das línguas em que estou a traduzir, cria-me confusão e parece que o trabalho não rende o mesmo.
Descobri agora que existe um site maravilhoso (que também tem app para Android e iOS) com um sem-número de sons ambiente que não só não atrapalham quem está a ler ou a trabalhar como ainda por cima podem ajudar-nos a concentrar, a descontrair ou até mesmo a adormecer, consoante o efeito pretendido.
Aqui é possível encontrar todo o tipo de ambientes sonoros e musicais, desde os provocados por máquinas ou seres humanos até aos sons da natureza de toda a espécie, e mesmo de supostas atmosferas “irreais”. Há também sons de ambientes relacionados com jogos e filmes. Alguns dos mais populares actualmente são, por exemplo, os das salas de alunos das casas de Gryffindor e de Slytherin, os da biblioteca de Hogwarts, ou o som de uma tempestade no expresso de Hogwarts. E se alguém não souber de que é que estou a falar, eu explico em duas palavras: Harry Potter.
Os ambientes disponibilizados podem ser misturados ao gosto de cada um, intensificando ou reduzindo (ou até mesmo eliminando) a frequência e o volume de cada um dos elementos sonoros que os compõem. O site oferece ainda a possibilidade de criar novos sons, à medida das nossas necessidades ou humor, e partilhá-los ou usá-los como fundo sonoro para vídeos. A utilização é gratuita excepto os downloads, que têm de ser pagos.
A app funciona de forma basicamente semelhante, mas tem uma particularidade extra bastante atractiva: o night timer, que permite adormecer tendo como som de fundo qualquer ambiente que se escolha e programar a hora de o desligar, para evitar que de manhã a bateria esteja descarregada. No entanto, na app não é possível carregar sons gravados por nós próprios, criar atmosferas a partir do zero ou descarregar ambientes sonoros em formato MP3, e a gravação de alterações feitas aos ambientes pré-existentes só é exequível pagando a versão completa da app.