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Gene de traça

Livros e etc.

Insanidade, irracionalidade, destruição

por Ana CB, em 26.02.15

 

É certo que pessoas são mais importantes do que qualquer bem material. Não é possível ignorar que muitos milhares de pessoas têm morrido nos últimos anos em todo o mundo por causa dos conflitos gerados pelos fundamentalistas islâmicos, a maioria delas de forma brutal e desumana. A maioria dessas vítimas mortas sem qualquer motivo que não o de estarem no lugar errado à hora errada. São crimes horrendos perpetrados em nome de um qualquer deus maior, em nome de uma crença e uma fé irracionais, fundamentada em premissas insanas. Não há palavras que consigam reproduzir o sentimento de revolta que isso causa em mim.

Mas também não posso deixar passar em branco as notícias da destruição que os extremistas fanáticos do Estado Islâmico estão a levar a cabo desde há alguns dias na cidade de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque.

Entre outros actos igualmente inqualificáveis, militantes do Isis fizeram explodir a Biblioteca Pública, uma instituição fundada em 1921 que abrigava um enorme repositório de livros antigos e manuscritos raros, alguns deles datando do séc. XVIII. As notícias mais recentes divulgam que mais de 100 mil obras foram queimadas, incluindo uma enorme colecção de jornais do início do séc. XX, num enorme auto-de-fé que tem como “justificação” o simples facto de não reproduzirem a palavra de Alá.

Esta barbárie tem-se estendido a outros locais, infligindo grandes danos a vários edifícios institucionais e aos seus conteúdos, como é o caso da Biblioteca Muçulmana Sunita, da biblioteca da Igreja Latina e Mosteiro dos Frades Dominicanos (que data de há 265 anos), da biblioteca da Universidade local e do Museu de Mossul. Neste museu foi devastado um património cultural incalculável entre o qual se contavam estátuas mesopotâmicas milenares, cuja destruição é mostrada em fotografias e num vídeo divulgados há algumas horas pela comunicação social.

Hoje, em pleno ano quinze do séc. XXI, quando supostamente deveríamos estar a caminhar para um futuro mais civilizado, mais humano e mais esclarecido, a sensação que tenho é a de que por qualquer distorção no espaço-tempo regressámos à Idade Média. Não existe, não pode existir qualquer justificação lógica e racional para as atrocidades que são cometidas nos nossos dias, a coberto de supostos valores religiosos, por ensandecidos fanáticos que se autoproclamam senhores da verdade.

A falta de educação, de cultura, de conhecimentos pode justificar muita coisa. Mas não há nada que justifique a falta de humanidade.

54eb96079bd1b (breaking news network).jpg(foto obtida em breaking news network)

 

 

 

Links para artigos sobre este assunto:

http://www.ibtimes.co.uk/iraq-isis-take-sledgehammers-priceless-assyrian-artefacts-mosul-museum-video-1489616

http://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/isis-burns-thousands-of-rare-books-and-manuscripts-from-mosuls-libraries-10068408.html

http://www.dailymail.co.uk/news/article-2968281/ISIS-burn-10-000-books-700-rare-manuscripts-destroy-library-Mosul-latest-attack-civilisation-culture.html

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=761508

http://hyperallergic.com/185590/8000-books-and-manuscripts-lost-after-isis-bombs-mosul-library/

http://oglobo.globo.com/mundo/video-mostra-estado-islamico-destruindo-estatuas-milenares-em-mossul-15443680

http://www.cmjornal.xl.pt/opiniao/colunistas/francisco_j__goncalves/detalhe/a_fe_dos_ignorantes.html

 

 

As livrarias mais antigas de Lisboa

por Ana CB, em 22.02.15

Como todas as grandes cidades, Lisboa está em constante mutação - para melhor em muitos aspectos, noutros nem tanto assim. Nos últimos anos, em grande parte devido à profunda crise económica que estamos a atravessar e às enormes modificações nos hábitos de consumo dos lisboetas, muitas das mais antigas livrarias da cidade encerraram portas ou renderam-se a grandes grupos editoriais, perdendo assim muitas da suas características únicas. Das ainda sobreviventes (de uma maneira ou de outra) se fala neste post do blog Aprender uma coisa nova por dia.

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Obrigada, SAPO! #2

por Ana CB, em 05.02.15

Uma vez mais, o pessoal simpático do SAPO Blogs achou por bem destacar um post deste meu blog. Desta vez foi sobre uma mulher de 90 anos que é sem dúvida uma inspiração - para os que a rodeiam, e para quem lê a sua história. Obrigada, SAPO Blogs, este destaque é merecido - não por mim, mas pela pessoa sobre quem é.

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Nunca é tarde para aprender

por Ana CB, em 04.02.15

Vive no Quénia aquela que é provavelmente a aluna primária mais idosa do mundo. Priscilla Sitienei tem 90 anos e decidiu começar há algum tempo a aprender a ler e a escrever, depois de 65 anos a trabalhar como parteira na aldeia de Ndalat, onde vive.

“Gogo”, como é carinhosamente apelidada, frequenta a “Leaders Vision Preparatory School”, a mesma escola onde andam seis dos seus trinetos, e diz que quer incentivar as crianças a receberem educação escolar.

“Quero dizer às crianças de todo o mundo, e especialmente às raparigas, que a educação será a sua riqueza” – afirma. E continua: “Vejo crianças que estão perdidas, crianças que não têm pais, andando por aí às voltas, sem qualquer esperança. Quero inspirá-las a irem à escola.”

Gogo.jpg

A história desta mulher excepcional foi divulgada pela BBC News, e o artigo completo e um vídeo podem ser vistos online aqui .

Porque há histórias de vida que merecem ser conhecidas.