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Gene de traça

Livros e etc.

Árvores

por Ana CB, em 30.12.14

Tenho a felicidade de viver, desde criança bem pequena, numa terrinha muito perto de um dos pulmões verdes da Grande Lisboa. Os grandes aglomerados de árvores, tal como as vastas extensões de água, sempre tiveram sobre mim um efeito calmante. É a olhar ou a passear junto a estes pedacinhos de natureza quase impoluta que eu relaxo e esvazio a cabeça.

Pois acontece que há algumas semanas começaram a cortar aceleradamente uma grande zona arborizada que faz (fazia) parte desse pulmão, e que em menos de nada ficou completamente despida de verde e ocupada por estaleiros, retroescavadoras e máquinas afins. Para mal dos meus pecados, no meu caminho para o trabalho passo todos os dias por essa zona, e não consigo deixar de sentir uma enorme tristeza quando me deparo diariamente com aquela desolação.

Há uns anos sucedeu-me o mesmo quando decidiram fazer, mesmo junto a onde vivo, um enorme nó de auto-estradas, e para isso rasgaram terrenos e abateram a eito muitas árvores que ali habitavam desde que tenho memória. Depois da conclusão das obras voltaram a rearborizar algumas áreas, que só agora, mais de vinte anos passados, começam a assemelhar-se vagamente ao que existia anteriormente.

Quanto ao destino da área agora destruída, este artigo do Público diz que vai nascer ali a “Cidade do Futebol”, mas eu vou esperar para acreditar. É que em tempos esteve prevista para aquele mesmo local uma urbanização megalómana, e como supostamente todo o projecto não vai envolver nem “um cêntimo de financiamento público” (então e o valor dos terrenos não é financiamento público???) e a Câmara local é bem conhecida por conseguir obter financiamentos (para obras públicas) em troca de certas “facilidades” para outros projectos privados, desconfio que além da dita “Cidade” é capaz de ir nascer mais qualquer coisa. A ver vamos…

Amante de papel como sou, é um bocado incongruente que me custe tanto ver deitarem árvores abaixo. Sim, eu sei que são as árvores que fornecem a celulose para fazer o papel, e que quando compro um caderno ou um livro estou a contribuir para que mais uma árvore seja abatida. Mas para esta actividade podem ser – espero que sejam… - estabelecidas áreas definidas, onde as árvores se destinem exclusivamente para a indústria da celulose e depois do abate sejam substituídas por novas árvores.

Mas nada disto diminui a minha tristeza, e eu estou absolutamente inconsolável…

Prendas boas #2 - Obrigada, SAPO!

por Ana CB, em 19.12.14

A equipa do SAPO acabou de destacar o post anterior que publiquei aqui sobre os livros mais caros do mundo.

Muito obrigada, SAPO, fico contente por saber que gostaram :)

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Os 10 livros mais caros

por Ana CB, em 19.12.14

A revista Forbes divulgou o mês passado uma lista com os livros mais caros vendidos até à data, e que fazem parte das colecções de conhecidos milionários, governos, bibliotecas, associações e … anónimos.

 

1. Codex Leicester de Leonardo da Vinci (entre 1508 e 1510); 37,9 milhões de euros, Bill Gates.

O livro de desenhos científicos de Leonardo da Vinci.

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2. Evangeliário de Henrique, o Leão (1188); 22,5 milhões de euros, Governo alemão.

O livro de orações encomendado pelo Duque Henrique da Saxónia.

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3. Magna Carta (1215); 19,7 milhões de euros, David Rubenstein. 

Esta é uma das 17 cópias ainda existentes do documento histórico do século XIII. 

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4. Evangelho de São Cuteberto (cerca de 698 d.C.); 12,1 milhões de euros, British Library.

Este livro do século VII, uma cópia em latim do Evangelho de João, foi encontrado há mais de 900 anos junto ao corpo de São Cuteberto, no seu caixão – acredita-se que este é o livro intacto mais antigo da Europa.

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5. Bay Psalm Book (1640); 11,7 milhões de euros, David Rubenstein.

Este foi o primeiro livro impresso na América do Norte.

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6. Livro de Horas de Rothschild (1505); 11,2 milhões de euros, Kerry Stokes.

O manuscrito iluminado mais caro já vendido, o “Rothschild Prayerbook” fazia parte de uma colecção confiscada pelo exército nazi em 1938.

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7. Birds of America, de John James Audubon (entre 1827 e 1838); 10,1 milhões de euros, Michael Tollemache. 

O livro reúne centenas de ilustrações da autoria do naturalista John James Audubon.

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8. Primeira edição de Os Contos de Cantuária, de Geoffrey Chaucer (1387); 8,9 milhões de euros, Paul Getty.

Este livro foi supostamente o primeiro a ser impresso em Inglaterra.

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9. Cópia da Constituição dos EUA, da Carta de Direitos e de outras leis do primeiro Congresso norte-americano (1797); 8,8 milhões de euros, Mount Vernon Ladies Association.

A Constituição norte-americana e outros documentos do primeiro congresso em 1789, tais como a Carta dos Direitos.

A Mount Vernon Ladies Association é uma associação sem fins lucrativos que preserva o Mount Vernon, propriedade onde viveu George Washington.

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10. Comedies, Histories & Tragedies – The First Folio, William Shakespeare (1623); 6,6 milhões de euros, comprador anónimo.

O "First Folio" é a primeira colecção de peças teatrais de William Shakespeare e foi chamado pela casa de leilões Christie’s de “o livro mais importante da literatura inglesa”.

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(informação e imagens obtidas em http://www.forbesbrasil.co/listas/10-livros-mais-caros-ja-vendidos/ e na revista “Somos Livros” n.º 8 da Livraria Bertrand)

 

 

Prendas boas #1

por Ana CB, em 13.12.14

Há por aí muita gente que se insurge encarniçadamente contra as redes sociais, a blogosfera, o email e de uma maneira geral tudo o que tenha a ver com comunicação usando a internet. Que afasta as pessoas, que o contacto pessoal é preterido em favor do virtual, que nos desumaniza, que passamos a ter uma vida faz-de-conta em detrimento de uma vida real, e por aí adiante.

Pois concordo que isso poderá ser verdade nalguns casos, mas não na generalidade. Mais ainda, em muitos casos passa-se precisamente o contrário: em vez de afastar, a comunicação electrónica aproxima as pessoas – as que conhecemos mas estão longe por força das circunstâncias, e aquelas que desconhecemos e de quem de outro modo ignoraríamos completamente a existência.

Aqui na casa dos blogues do Sapo têm-se estabelecido ligações, formado pequenos círculos de contactos, e até mesmo forjado amizades, e tudo isto é imensamente positivo e não seria possível nem viável se não tivéssemos este tipo de tecnologia ao nosso dispor. Por isso, quando alguém ao pé de mim começa a arengar sobre os malefícios da internet como meio de comunicação e etc., a única coisa que eu digo a essa pessoa é que ela com toda a certeza não sabe do que fala.

Vem isto a propósito da iniciativa da Cindy, do blog Life Inc, a que ela deu o nome de Pai Natal Secreto II (já é a 2ª edição) e que pôs várias habitantes aqui da blogosfera a trocar prendas entre si. Ao todo, quase duas dúzias de pessoas que não se conhecem pessoalmente (pelo menos na sua maioria) e nunca teriam contactado umas com as outras se não tivessem criado os seus próprios blogs nem lessem e comentassem os blogs escritos pelas outras. Cada uma com a sua vida, os seus gostos e a sua personalidade, mas todas unidas por um mesmo desejo: o de comunicar com os outros através da escrita (e da leitura), sem discriminação de idade, sexo, estado civil, credo religioso ou político, condição física ou o que quer que seja. Poderá alguém no seu perfeito juízo dizer que isto não é bom?

E cada uma destas pessoas “deu-se ao trabalho” de procurar/comprar/fazer alguma coisa de propósito para alguém que não conhece, e escrever palavras carinhosas e simpáticas num postal, e fazer figas para que a destinatária gostasse realmente do presente. Se isto não é criar laços, não sei o que será.

Tudo isto para dizer que eu sou uma das felizardas que já recebeu a prenda do seu Pai Natal secreto, que neste caso foi a Daniela (do blog Violet Clouds), e além dos bombons e do postal (com as palavras mais simpáticas que poderiam ter-me escrito), tive direito a duas prendas giríssimas e que foram escolhidas com muito cuidado e bom gosto.

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A pulseira vai ficar lindamente no meu braço, e o caça-sonhos vai fazer um vistão num dos puxadores do armário da minha sala. Os bombons já estão prestes a desaparecer, e o postal vou guardá-lo com muito carinho. Obrigada, Daniela!

A M. tem toda a razão quando diz que “a blogosfera está carregada de pessoas especiais”. E melhor do que receber, só mesmo dar.