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Gene de traça

Livros e etc.

INOMINÁVEL n.º 6

por Ana CB, em 03.02.17

 

Hoje vou falar-vos da INOMINÁVEL.

 

Que é uma revista (não confundir com o outro senhor…). Onde eu colaboro na rubrica de Viagens e na revisão dos textos. É uma revista apenas lançada online, e cujos artigos vão depois sendo publicados no blogue que tem o mesmo nome: revistainominavel.blogs.sapo.pt. É uma revista feita maioritariamente por bloggers, editada pela Maria Alfacinha (autora do blogue O Meu Alpendre), que a co-idealizou com a Magda Pais (dos blogues StoneArt Portugal e Stoneart Books).

 

Inominável #6

 

Acabou de sair o número 6 da revista, cujo tema de inspiração é o Carnaval (mas onde na verdade do Carnaval propriamente dito se fala muito pouco). Um número que, na minha opinião, está muito bom. Mas é claro que eu sou suspeita, e por isso não há como irem verificar se tenho ou não razão.

 

Para vos abrir o apetite, aqui está um resumo do que podem ler nesta edição:

 

- As propostas de entretenimento do André (do blogue Palavras ao Vento), na AGENDA CULTURAL

 

- Um percurso circense por vários videojogos conduzido pelo Rei Bacalhau (do blogue O Bom, o Mau e o Feio), na coluna 2D3D

 

- No ANEXO, a Márcia (do blogue Planeta Márcia) conta-nos como é que escolhe “o livro que se segue”

 

- E ‘BORA LÁ FAZER umas coisas giras, seguindo as instruções da Ana Delfino

 

- A poesia e prosa da COLUNISTA ACIDENTAL deste número, Alice Duarte, que tem trabalhos seus publicados em várias colectâneas, além de um livro de poesia

  

- No CORREIO (pouco) SENTIMENTAL, a endiabrada dupla MJ (E agora? Sei lá!) + Maria das Palavras (do blogue com o mesmo nome) continua a inventar as situações mais mirabolantes que é possível imaginar

 

- O segundo episódio da história que a Carina (do blogue Contador d’Estórias) está a escrever para a rubrica CRIADORES DE IMPOSSÍVEIS

 

- A Dona Pavlova (do blogue que tem o seu nome) dá as receitas daquelas gulodices sempre presentes em qualquer festa popular portuguesa, na coluna ESTAR NO PONTO

 

- A importância da velocidade de obturação e o melhor formato no qual guardar fotos, na rubrica FOTOGRAFIA: A LUZ E O OLHAR, escrita pelo Gil (http://www.gilcardoso.net/)

 

- A Alexandra conta-nos HISTÓRIAS DE ARTE sobre Miguel Ângelo

 

- Em MUSICALIZANDO temos Luísa Sobral, trazida pela mão da Marta (do blogue Marta - o meu canto)

 

- O Alexandre (do blogue Jogo do Sério) fala-nos NA DESPORTIVA sobre as razões para vermos o Super Bowl (que é já no próximo domingo)

 

- N’O ESPAÇO AZUL ENTRE AS NUVENS, mais um belíssimo texto do Jonathan

 

- José da Xã (do blogue Lados AB) fala das comédias da sua infância, em PLAY IT, SAM!

 

- POR TERRAS DO REI ARTUR, a Inês (do blogue Alquimia do Momento) leva-nos até Cardiff e Exeter

 

- Para a rubrica VIAGENS, o Carnaval inspirou-me a mostrar alguns lugares cheios de cor que há pelo mundo (e podem ir buscar outras inspirações a Viajar. Porque sim.)

 

Curiosos? Então vão lá ler a INOMINÁVEL. Basta clicarem na foto da capa.

 

 

 

O fantástico mundo dos livros

por Ana CB, em 17.06.16

 

A BIBLIOTECA

Zoran Živković

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Título: A Biblioteca

Autor: Zoran Živković

Ano de lançamento: 2002

 

Editora: Cavalo de Ferro

Publicação: 3ª edição – Janeiro 2015

Número de páginas: 104

Tradução: Aridjana Medvedeć

Revisão: Tiago Marques

 

 

“A Biblioteca” é um delicioso pequeno livro de contos (uma mera meia dúzia) que giram à volta de livros, leitores, escritores e… exactamente, bibliotecas.

 

Vencedor do WORLD FANTASY AWARD em 2003, tal como o nome do prémio indica é um livro que se enquadra na categoria do fantástico. Todos os contos têm na sua génese uma grande dose de fantasia, engenhosamente misturada com o real e com uns pozinhos de humor aqui e ali.

 

E há também em todos eles um certo “suspense”, um elemento que nos intriga e faz querer não parar de ler até percebermos aonde a história nos leva, e conhecermos o seu desfecho – que é, no entanto, muitas vezes um final semi-aberto… deixando o que se passará depois por conta da nossa imaginação.

 

No conto “A Biblioteca Virtual”, um escritor vê-se de repente na presença de uma página online onde encontra descrita toda a sua obra passada e… futura.

 

“A Biblioteca Particular” gira à volta de uma caixa de correio que “produz” um livro novo de cada vez que é aberta.

 

Em “A Biblioteca Nocturna”, um cliente assíduo de uma biblioteca chega depois da hora de encerramento, para descobrir que à noite a “sua” biblioteca é bem diferente.

 

“A Biblioteca Infernal” é um lugar onde são expiados eternamente os “pecados” cometidos em vida.

 

Um dos protagonistas do conto “A Biblioteca Minimal” é um livro que oferece um conteúdo diferente de cada vez que é aberto.

 

E o herói de “A Biblioteca Requintada” é um livro teimoso e surpreendente – e a história acaba por nos surpreender também.

 

Além de terem a mesma temática – o universo dos livros – existe um denominador comum a quase todos os protagonistas humanos destes vários contos: a obsessão. Todos eles, e com a excepção do conto “A Biblioteca Infernal”, têm um comportamento obsessivo (e por vezes também compulsivo) em maior ou menor grau. Diferentes na sua concepção básica, une-os o fio comum dos livros e desses laivos mais ou menos acentuados de obsessão, o que acaba por conferir ao livro no seu todo um certo carácter unitário.

 

Além da sua presença na Feira do Livro, Zoran Živković esteve no passado dia 6, ao fim da tarde, na Bertrand do Chiado à conversa com quem teve a sorte de ir lá para o ouvir. E digo sorte porque além de bom escritor, é também um excelente conversador. Simpático, bem-humorado e muito afável, não se coibiu de revelar muitos pormenores do seu processo de escrita, a forma como lhe surgem as suas histórias, como as escreve, e o que para ele significa escrever: uma grande vontade de contar histórias que despertem e mantenham o interesse dos leitores.

 

Com o recente lançamento de “O Livro”, são já seis os títulos de obras de Zoran Živković publicados pela editora Cavalo de Ferro. “A Biblioteca” foi o primeiro livro que li deste autor e deixou-me, sem qualquer dúvida, com vontade de ler mais.

 

 

Os mais belos contos de fadas

por Ana CB, em 04.04.16

 

No meu primeiro post neste blogue – e já lá vão daqui a pouco dois anos… – contei-vos que este meu gosto pelos livros e pela leitura vem de família. Tive a sorte de crescer numa casa onde os livros não eram considerados supérfluos, nem a leitura uma actividade inútil. Por isso, além das eternas bonecas e outros brinquedos e jogos, livros foram e são uma oferta recorrente na minha família, aquele tipo de prenda que sabemos que irá sempre agradar.

 

E é precisamente um desses livros que me ofereceram em criança que vou hoje partilhar aqui – um livro adorável, lindo, um dos que mais gostei de receber.

 

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“Os Mais Belos Contos de Fadas” é uma antologia publicada originalmente em 1967 pelas Selecções do Reader’s Digest (com o título “World's Best Fairy Tales”), cuja versão portuguesa saiu em 1970 com tradução de Botelho da Silva.

 

Com uma introdução escrita por Maria Cimino, que foi bibliotecária do Central Children’s Room da Biblioteca Pública de Nova Iorque, o livro inclui 65 contos de várias origens, muitos já bem conhecidos de toda a gente e outros nem tanto. A selecção é variada e abrangente, indo desde histórias como “Sindbad, o Marinheiro” (extraída das Mil e Uma Noites), passando por “O Gato das Botas” de Charles Perrault ou “O Fato Novo do Imperador” de Hans Christian Andersen e “Hansel e Gretel” dos irmãos Grimm, até velhos contos tradicionais de vários países, como “Os Sete Simões” (Hungria), “O Meio Pintainho” (Espanha) ou “O Pequeno Polegar” (Inglaterra). E como é óbvio, não ficaram esquecidas as histórias mais famosas, como “A Gata Borralheira”, “O Capuchinho Vermelho”, “Os Três Porquinhos” ou “A Bela Adormecida”, entre tantas outras.

 

Além da excepcional selecção de contos, o livro tem uma maravilhosa colecção de ilustrações (uma por cada história) executadas de propósito para a edição original pelo desenhador Fritz Kredel (1900-1973).

 

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Ali Babá e os Quarenta Ladrões

 

 

 

 

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A Bela Adormecida 

 

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Branca de Neve e os Sete Anões

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O Gato de Botas

 

 

 

 

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O Soldadinho de Chumbo

 

 

 

 

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   A Sereiazinha

 

 

 

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A Gata Borralheira

 

 

 

 

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A Bela e o Monstro

 

 

 

 

 

 

 

 

O meu exemplar deste livro acusa as milhentas vezes que foi manuseado, lido e relido, e as várias mãos por que passou. Depois de fazer as minhas delícias, foi companheiro de infância da minha tia mais nova, e mais tarde leitura ao deitar do meu filho. A sua vida já longa (a caminho dos 50 anos…) nota-se na lombada meio desconjuntada, nas folhas amareladas e com manchas castanhas nalguns sítios, nos cantos puídos da capa, que nem a sobrecapa conseguiu evitar.

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Depois de desaparecida a sobrecapa, há já um ror de anos, forrei-o com papel de lustro encarnado, mas até este – coitado! - já está a precisar de ser substituído. São as agruras da vida de um livro que é profundamente querido.

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Entre tantos contos, é claro que gosto mais de alguns do que de outros. Curiosamente, o meu gosto não mudou muito ao longo dos anos, e os meus favoritos continuam a ser aqueles que eu preferia em miúda:

 

A Princesa no Monte de Vidro

 

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Um conto de Peter C. Asejörnsen e Jorgen E. Moe, ambos noruegueses, incluído na Colectânea de Andrew Lang; uma espécie de história da Gata Borralheira em versão masculina (coincidência ou não, o protagonista chama-se Cinderlad).

 

 

Verdade, Verdadinha!

 

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De Hans Christian Andersen, a história de como uma simples pena pode transformar-se em cinco galinhas (ou o poder do boato…).

 

 

As Doze Princesas Dançarinas

 

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Um velho conto alemão, igualmente incluído na Colectânea de Andrew Lang, que enaltece a inteligência, a perseverança a dedicação – virtudes que são, é claro, devidamente recompensadas no final.

 

 

A Rainha das Neves

 

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Também de Andersen, uma história sobre o poder redentor do amor.

 

 

A tradição de contar histórias é tão antiga quanto o Homem, e muitos contos populares têm origens tão remotas quanto desconhecidas. Embora muitos deles não se destinassem às crianças, a natureza sobrenatural e fantasiosa da maioria destas histórias que foram passando oralmente de geração para geração, e sucessivamente modificadas e adaptadas (porque quem conta um conto, acrescenta um ponto) de acordo com as tradições de cada lugar e cada povo, tornaram-nas especialmente apetecíveis para os espíritos mais jovens, acumulando as funções de entretenimento e formação do carácter.

 

Hoje em dia as nossas crianças (embora infelizmente ainda não todas as crianças do mundo) têm ao seu dispor uma panóplia muito alargada de leituras de todos os géneros e para todas as idades, em livros que na sua maioria vivem tanto da história como das suas ilustrações. O gosto pela leitura cria-se de pequenino, e nesse aspecto ser criança, agora, numa sociedade que incentive e alimente este gosto, é inquestionavelmente uma felicidade (e uma sorte), tanta é a diversidade da oferta.

 

Mas o fascínio dos contos de fadas permanece imutável. Provam-no o sucesso das recorrentes adaptações cinematográficas de histórias antigas, e o carácter igualmente “mágico” de novas histórias que vão sendo escritas (como a saga Harry Potter, por exemplo). Por isso mesmo, mantêm-se actuais as palavras com que Maria Cimino termina a sua apresentação deste livro, falando das histórias nele contadas:

 

“Há-as para todos os gostos e sempre nas melhores versões, tanto para ler como para ouvir ler em voz alta. De uma forma ou de outra, as crianças assimilarão alguma sabedoria de outros tempos, quando o sentimento do maravilhoso era ainda uma realidade viva.”

 

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E é também por isso, para não perder este sentimento, que eu regresso de tempos a tempos a este livro. Para não me esquecer da criança que fui, e que não quero nunca deixar completamente de ser.