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Gene de traça

Livros e etc.

Obrigada, SAPO! #6

por Ana CB, em 29.08.16

Já se nota que o Verão está a chegar ao fim, é segunda-feira e não dormi o suficiente durante o fim-de-semana, tive de me levantar mais cedo do que o costume e estou cheia de trabalho porque a minha colega de gabinete está de férias. Não estava a ser propriamente o melhor início de semana de sempre.

 

Mas depois entro no Sapo Blogs e a primeira coisa que vejo é isto:

 

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E não há como não ficar feliz ao ver o meu post sobre o Stephen King em grande destaque logo pela manhã. Yay!!!!

 

Por isso, mais uma vez, obrigada à equipa do Sapo Blogs por este mimo. Já alegraram o meu dia.

 

E cá entre nós… o Stephen King merece. Não é o único escritor que merece, mas merece.

 

Entre aspas #7 Thea Dorn

por Ana CB, em 26.08.16

 

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Entre aspas #6 André Maurois

por Ana CB, em 24.08.16

 

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História ou história?

por Ana CB, em 22.08.16

 

O SAMURAI NEGRO

João Paulo Oliveira e Costa

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Título: O Samurai Negro

Autor: João Paulo Oliveira e Costa

Ano de lançamento: 2016

 

Editora: Temas e Debates

Publicação: 1ª edição – Maio 2016

Número de páginas: 472

Revisão: Alda Mondas

 

As minhas expectativas em relação a este livro eram muito altas. Por várias razões, sendo a principal o facto de João Paulo Oliveira e Costa ser o autor de “O Império dos Pardais”, um dos meus livros preferidos. E também porque é sobre o Japão. E é um romance histórico, e promete ser o primeiro de uma trilogia. Enfim, estava plenamente preparada para gostar imenso de “O Samurai Negro”, porque tem todos os ingredientes necessários para uma boa história, e eu gosto de uma boa história.

 

Mas a verdade é que este livro não me seduziu como eu estava à espera.

 

João Paulo Oliveira e Costa é um historiador. Que escreve bem. Escreve sobre aquilo que conhece e estudou profundamente, e isso nota-se na forma como entrança o enredo ficcionado com os factos históricos. Só que n’“O Samurai Negro” dá nitidamente primazia à História sobre a história, e na minha opinião isso acaba por ser prejudicial para este livro.

 

O enredo gira à volta da presença portuguesa no Japão, na segunda metade do séc. XVI, a fase áurea em que Portugal era praticamente dono de meio mundo e ainda não suspeitávamos que a nossa independência iria estar perdida durante 60 anos. Em Portugal reinava D.Sebastião e os jesuítas eram o motor principal da expansão do cristianismo no planeta. No Japão, os grandes senhores guerreavam entre si pelo poder, e a nação era terra fértil para o comércio de armas e tudo o resto que os portugueses encontravam para obter lucro. À cidade costeira de Nagasáqui, no sudoeste do Japão (sim, aquela da bomba atómica na 2ª Guerra Mundial), chegam um príncipe congolês, um luso-brasileiro sobrinho de um pirata e um italiano enviado sob disfarce pelo papado de Roma. Aí vão cruzar-se com uma japonesa cristã, padres de várias origens, um chinês misterioso e uma variedade de outras personagens, umas fictícias, outras que existiram realmente e das quais reza a História. Ao longo dos quinze anos que este livro abarca sucedem-se peripécias várias, episódios imaginados são intercalados com factos verídicos, há mistérios e desencontros, amores e ciúmes, batalhas e raptos, mortes e nascimentos - um fluxo constante de informação da mais variada espécie que atravessa todo o livro.

 

E aqui está o primeiro e principal motivo que me incomodou: há demasiada confusão. A história salta incessantemente de umas personagens para as outras e, ainda por cima, no espaço e no tempo. Nada demais, muitos livros o fazem. Só que aqui os saltos são grandes, bruscos e por vezes quase que forçados, parece que fica sempre qualquer coisa incompleta, qualquer coisa que faz falta para dar mais corpo à história. É tudo aflorado como que ao de leve, as descrições são curtas (é verdade que descrições exageradamente longas são fastidiosas, mas eu preciso de cores e cheiros e texturas para poder “visualizar” os cenários de uma história), e em todo o livro parece que o autor está mais preocupado em nos falar dos factos históricos do que em nos contar “a” história que deveria ser, à partida, o elemento principal. Há um ligeiro esforço de espalhar alguns “mistérios” pelo enredo, tentando assim despertar a curiosidade e o interesse de quem lê, mas o resultado acaba por não surtir o efeito pretendido – ou pelo menos foi que o que sucedeu comigo. E com tudo isto, as personagens supostamente principais (entre as inúmeras que povoam o livro, tantas que às vezes me perdia) acabam por ter pouca profundidade, porque a história se dispersa e apenas nos vai falando delas quase “en passant”.

 

Depois há a questão do modo de falar das personagens. João Paulo Oliveira e Costa optou por as pôr a falar de uma forma algo arcaica, e isso nota-se bastante porque os diálogos ocupam grande parte do livro. Enquanto n’“O Império dos Pardais” utilizou esse recurso na medida certa, neste livro – quanto a mim – exagerou. A juntar a isto, usa também certas expressões japonesas com alguma frequência, e se uma ou outra são facilmente compreensíveis, porque já as conhecemos ou porque nos são explicadas na própria narração, outras nem tanto, e ter de puxar pela memória para tentar relembrar o seu significado ou perceber a que se referem acaba por quebrar a fluidez da leitura. E a propósito disto, faz falta no livro um glossário que explique estes e outros termos utilizados na narrativa, assim como um esboço do mapa do Japão na época em que se passa a história e – isso seria a cereja no topo do bolo – um índice cronológico dos factos históricos mais importantes durante os anos abrangidos pelo livro, até mesmo para termos melhor noção do que é verídico e do que é recriado ou inventado.

 

Isto não quer dizer que tenha detestado o livro, longe disso. Está bem escrito q.b. e tem interesse, sobretudo porque nos fala de uma fase menos conhecida e divulgada da nossa (e não só) História, redimindo um pouco a imagem algo denegrida que temos dos jesuítas e da sua influência no mundo e mostrando-nos como podem existir pontes entre pessoas e ideias que à partida parecem ser antagonistas. É um livro que enriqueceu mais um bocadinho o meu conhecimento, e isso é sempre um ponto positivo.

 

Gostei do livro, mas queria mesmo muito ter gostado mais. Queria ter gostado imenso. Queria ter adorado. Só que não adorei. Só gostei um bocadinho, e isso desilude-me a ponto de não saber se vou querer ler os outros dois que ainda hão-de sair.

 

Entre aspas #5 Yasunari Kawabata

por Ana CB, em 18.08.16

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Entre aspas #4 William Trevor

por Ana CB, em 16.08.16

 

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Stephen King

por Ana CB, em 01.08.16

 

Stephen King é provavelmente o mais prolífico escritor de histórias de terror/ficção fantástica de sempre. Livros publicados são mais de setenta (alguns sob o pseudónimo Richard Bachman), e entre contos e argumentos para cinema e televisão tem mais umas quantas dezenas de obras. Segundo a Wikipedia, é o nono autor mais traduzido em todo o mundo, com uma estimativa de 350 milhões de cópias vendidas em 40 países.

 

Um fenómeno de popularidade, cujos primeiros sucessos foram “Carrie” e “The Shining” (“A Luz”, na tradução portuguesa), prontamente adaptados ao cinema e hoje já com o estatuto de filmes de culto.

 

Fui uma adolescente emotiva e facilmente impressionável, e por isso não particularmente fã de filmes deste tipo; consequentemente, não fiz questão de os ver quando estrearam em Portugal. Mas mesmo quando os vi em adulta (e gostei, claro!), o nome de Stephen King continuou a passar-me ao lado. Creio que só com “Misery – O capítulo final”, um filme muito mais dentro das minhas preferências, despertei para o fenómeno Stephen King.

 

E depois, um belo dia, o Círculo de Leitores (ah, que saudades de folhear a revista!) decidiu lançar uma colecção com as suas obras, e foi a rendição total: fiquei fã dos livros logo a partir da primeira leitura. Porque se os filmes são bons, os livros são ainda melhores.

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Resumindo: tenho 21 – sim, vinte e um – livros de Stephen King. Há já muito tempo que não leio nada dele, mas em Fevereiro vai estrear no cinema “A Torre Negra” e está a ser gerada alguma expectativa em torno do filme – que ainda por cima tem o (fantástico, carismático, e sei lá mais o quê) Idris Elba como um dos protagonistas.

 

O mais espantoso em Stephen King é que não se repete. Apesar de alguns pontos de contacto aqui e ali, cada um dos seus livros ou contos é uma novidade, uma história diferente, um outro ambiente fantástico; a sua imaginação não tem limites. É certo que “Christine” e “Buick 8” têm como protagonista um carro, que “Desperation” e “Os Reguladores” (este assinado por Richard Bachman) têm um pano de fundo semelhante, e existe uma ligação assumida entre “O Jogo de Gerald” e “Eclipse Total”. Mas o enredo é desenvolvido de maneira diversa em cada livro, e King consegue sempre surpreender-me. Assusta-me, mantém-me em suspenso, enerva-me, irrita-me, enoja-me. Às vezes violento, outras subtil, por vezes sensível, mexe sempre comigo.

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É claro que não gostei de igual modo de todos estes livros de Stephen King que já li. Tenho os meus preferidos, e não me perguntem porque é que gostei mais destes do que dos outros, porque seria a mesma coisa que perguntarem-me porque é que gosto mais de azul do que de roxo. Aqui está a lista, com as respectivas sinopses.*

 

OS OLHOS DO DRAGÃO

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Dentro da diversidade dos livros de King, este é aquele que sai ainda mais fora do estilo habitual do autor. Claro que mete magia e sobrenatural, mas é passado em ambiente medieval e a história está escrita um bocado à maneira de um conto de fadas. Provavelmente destinado a um público mais adolescente, a verdade é que li-o de um fôlego, e reli-o mais tarde, e vou voltar a lê-lo.

 

Sinopse: Uma história fantástica de heróis e aventuras, de dragões, príncipes e feiticeiros malévolos. O reino de Delain vive momentos de grande turbulência porque o seu rei Roland morreu e Peter, o príncipe herdeiro, tem de lutar para conseguir o que é seu por direito. Tem contra si o terrível feiticeiro Flagg, que quer pôr no trono o irmão de Peter, Thomas, a quem consegue manipular mais facilmente. Mas claro que, como todos os planos, este tem as suas falhas… por exemplo, o terrível segredo de Thomas.

 

INSÓNIA

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É um livro um bocado viciante, senti-me em “banho-maria” durante algum tempo e ansiosa por perceber o que se passava realmente, e depois quando comecei a apanhar o fio à meada não conseguia largar o livro, ansiosa por saber o desfecho.

Sinopse: Ralph Roberts tem um problema: nos últimos dias não tem dormido muito bem. Na verdade, não tem dormido nada. Depois de sofrer vários traumas na sequência da morte da mulher com um tumor cerebral, a insónia que gradualmente o vai invadindo é o pior de tudo. Dormindo cada vez menos horas, Ralph instala-se numa cadeira diante da janela e observa quem passa para matar as horas. Ao fim de algum tempo apercebe- se de que todos os seres humanos possuem um fio de vida no mundo. E se esse fio fosse cortado abruptamente, como aconteceu à sua mulher?

 

OS TOMMYKNOCKERS

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São 777 páginas com uma história do outro mundo, certamente um dos seus maiores livros. Angustiante, por vezes até agoniante, mas estranhamente fascinante.

Sinopse: Alguma coisa está a acontecer na pequena e idílica cidade de Haven, no Maine, onde vive Bobbi Anderson. Alguma coisa que deu a cada homem, mulher e criança da cidade poderes muito maiores do que os de um comum mortal. Alguma coisa que transformou a cidade numa armadilha mortal para todos os forasteiros. Alguma coisa que veio de um objecto de metal, enterrado durante milénios, que Bobbi encontrou acidentalmente. Não é como se Bobbi e a boa gente de Haven tivessem vendido as suas almas para colherem as recompensas do demónio mais mortal deste lado do inferno. É mais como que uma espécie de possessão diabólica… uma invasão do corpo e da alma – e da mente…

 

À ESPERA DE UM MILAGRE

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O filme – realizado por Frank Darabont e com Tom Hanks como protagonista – é muito bom, e o livro consegue ser talvez ainda melhor, porque nos dá mais pormenores e nos envolve mais na história, lançando pistas a conta-gotas até descobrirmos a verdade.

Sinopse: Na penitenciária de Cold Mountain, ao longo da solitária fila de celas conhecida como a “Milha Verde”, assassinos tão depravados como o psicopático "Billy the Kid" Wharton e o possuído Eduard Delacroix aguardam que a morte chegue, quando forem amarrados à "Old Sparky". Aqui, são vigiados por guardas tão correctos como Paul Edgecombe, ou tão sádicos como Percy Wetmore. Mas bons ou maus, inocentes ou culpados, nenhum cometeu um crime tão brutal quanto o novo prisioneiro, John Coffey, condenado à morte por ter violado e matado duas meninas. Será Coffey um diabo em forma de gente? Ou será que é um tipo de ser humano muito, muito diferente?

 

A RAPARIGA QUE ADORAVA TOM GORDON

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Há muitos miúdos e adolescentes nas histórias de Stephen King. Por vezes sãos os “maus da fita”, outras vezes são heróis. Mesmo quando a imagem que o escritor nos transmite é mais “normal”, como no caso da protagonista deste livro, há sempre um volte-face que nos surpreende.

Sinopse: Trisha McFarland, de nove anos, afasta-se do caminho marcado quando ela, o seu irmão e a sua mãe recentemente divorciada fazem um passeio ao longo de um ramal do Trilho dos Apalaches. Perdida durante dias, afastando-se cada vez mais, Trisha apenas tem o seu rádio portátil para a confortar. Grande adepta de Tom Gordon, um lançador dos Boston Red Sox, escuta os jogos de basebol e fantasia que o seu herói irá salvá-la. No entanto, a natureza não é o seu único adversário – algo perigoso pode estar na pista de Trisha através da floresta escura.

 

MISERY

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Mais um livro de King que serviu de base a um excelente filme. E mais uma vez o livro consegue ser ainda mais envolvente e assustador.

Sinopse: Paul Sheldon é um famoso escritor de romances cor-de-rosa, tornado célebre pela personagem principal das suas obras, Misery Chastain. Porém, Sheldon entendeu que estava na hora de virar a página e decidiu “matar” Misery. É então que sofre um terrível acidente de viação e é socorrido por Annie Wilkes, uma ex-enfermeira que o leva para sua casa para o tratar. O que Paul não sabe é que Annie, a sua salvadora, é também a sua maior fã, a mais fanática e obcecada de todas — e está furiosa com a morte de Misery. Ferido e incapaz de andar, totalmente à mercê de Annie, Paul é obrigado a escrever um novo livro para “ressuscitar” Misery, como uma Xerazade dos tempos modernos nas mãos de uma psicopata tresloucada que há muito deixou de distinguir a realidade da ficção. Repleto de complexos jogos psicológicos entre refém e captor, "Misery" é uma obra de suspense e terror no seu estado mais puro.

 

OS LANGOLIERS (incluído no livro “MEIA NOITE E DOIS”)

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Um conto fascinantemente estranho e opressivo, e Stephen King mais uma vez conseguiu colocar-me dentro do ambiente da história, como se eu fosse uma das personagens.

Sinopse: Num voo nocturno de Los Angeles para Boston, apenas onze passageiros sobrevivem – mas a aterragem num mundo que está morto faz com que desejem não ter sobrevivido.

 

Além de ter uma imaginação delirante, Stephen King escreve bem, sabe descrever os ambientes, as personagens, contar a história de forma fluida sem maçar, manter o interesse. É distracção garantida.

 

 

Ainda não leram nada dele? Estão a torcer o nariz a este tipo de leitura? Então experimentem… e depois digam lá se eu não tenho razão.

 

 

* Sinopses retiradas dos sites de vendas de livros online ou do Goodreads.

 

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